Com as eleições regionais, os Açores vão ter um novo governo liderado pelo PSD. O concurso internacional para o porto espacial na ilha de Santa Maria, atualmente na sua terceira e última fase, terá de ser revisto?
Não tem de ser revisto, a não ser que se opte por uma coisa completamente diferente, o que eu não acredito. O processo está quase a terminar e poderão existir alguns acertos mais de estilo do que de forma. É um processo longo, acautelaram-se um conjunto de circunstâncias, e estamos muito perto de uma decisão final que deverá ser tomada pelo Governo Regional dos Açores, em articulação com a Agência Espacial Portuguesa.
A crise do Covid-19 não afetou a capacidade de decisão das empresas interessadas?
O calendário previsto tem sido cumprido. É evidente que há coisas que não se controlam, como a possibilidade de as empresas que estão a concorrer colocarem dúvidas, que param o processo durante uns dias para depois voltar a arrancar. Mas isto é natural. As empresas têm as suas dinâmicas, quando olhamos para o setor espacial olhamos para oportunidades de mercado. Até as instituições na Europa já não são neste momento tão conservadoras, não olham apenas para aquilo que está feito em termos de grandes programas de lançadores (foguetões), como o Ariane e o Vega, mas abrem-se aos novos projetos de pequenos lançadores mais rápidos, baratos e amigos do ambiente do chamado New Space, e para as novas oportunidades, porque querem ter estas tecnologias e este novo acesso ao Espaço. A Comissão Europeia e a Agência Espacial Europeia (ESA) têm esta abordagem. E há programas nesse sentido e oportunidades comerciais que começam a surgir noutros países e que estão mais adiantadas do que o projeto de Santa Maria.
Quais são essas oportunidades?
Os portos espaciais da Escócia, da Noruega e da Suécia. São projetos ao mesmo tempo concorrentes e complementares do porto espacial dos Açores. Estão mais avançados em termos de construção de infraestruturas, mas tendo em conta a boa recetividade internacional do projeto nos Açores, e olhando para a maturidade da tecnologia destes projetos concorrentes, isto é, se as suas infraestruturas estão prontas para os primeiros lançamentos, o facto é que ainda não estão. Não é só a infraestrutura que é necessária, mas também as empresas de lançadores. E a maturidade tecnológica das empresas potencialmente interessadas está mais atrasada do que a maturidade da construção dos portos espaciais.
E Santa Maria tem uma localização geográfica privilegiada em relação aos outros projetos.
Sem dúvida, o que é uma oportunidade única, mas obviamente dentro de um horizonte temporal que se adeque às necessidades do mercado. Caso contrário a oportunidade dos Açores passa e o mercado também. Enfim, eu diria que 2021 vai ser o ano dos Açores, porque já foram lançadas muitas bases para se criarem capacidades, inclusive com o alinhamento da agenda digital nacional de que os Açores fazem parte, porque a região precisa de se desenvolver na área tecnológica.
Há aqui um contexto internacional?
Claro, porque estamos a falar de empresas que atuam no mercado global. Depois, porque estamos a falar na capacidade de construir e atrair para Portugal uma agenda industrial para o Espaço, em que são necessárias sinergias e massa crítica. Portugal é um país pequeno, o seu sector espacial também é ainda relativamente pequeno, e a Estratégia Nacional para o Espaço até 2030 não é mais do que a capacidade de pegarmos nesta dinâmica que hoje já existe e transformá-la numa dinâmica diferente, numa alavancagem, para que no final da década o setor tenha outra dimensão, outra capacidade tecnológica e outra capacidade operacional. E isto tudo está ligado aos programas que a PTSpace tem para o país e também à capacidade que Portugal tem, articulando os vários fundos da ESA e do programa espacial europeu, para construir a agenda industrial para o Espaço. Que é extremamente exigente, o que significa que temos de abrir o país a empresas internacionais. Preparar Portugal para ter uma palavra nas linhas programáticas do setor espacial europeu foi um salto brutal, que permitiu precisamente há 20 anos que Portugal entrasse na ESA. Hoje o país precisa de estar preparado para outro nível, olhar para o programa espacial nacional, dotando-o de um enquadramento financeiro e institucional com a criação da PTSpace, que nos leve a perspetivar onde vamos estar daqui a dez anos.
Quais são as apostas fundamentais desta estratégia?
São quatro. A primeira é o porto espacial, que será um ecossistema espacial na ilha de Santa Maria e estendido aos Açores em geral. A segunda é uma constelação de satélites com um foco no Atlântico, em cooperação com outros países, o que é algo inédito, mas a verdade é que neste setor não se pode fazer nada isolado.
A constelação vai ter quantos satélites?
São 16 satélites. O objetivo é dotar o país da capacidade de construir a sua própria política de dados. Quando Portugal conseguir, através de diferentes plataformas, ter os dados para concretizar a sua agenda digital, vamos ver o que é necessário para isto. No campo da monitorização do Atlântico, Portugal é o segundo maior país da Europa com o território marítimo e este é um potencial que tem de ser desbloqueado. Olhamos sempre para o Atlântico numa expectativa de exploração, mas para explorar é preciso conhecer, transformar, rentabilizar, olhar para ele como uma cadeia de valor. E com uma vertente de sustentabilidade económica e do conhecimento, de interação clima/sustentabilidade e oceano/Espaço. E hoje só se consegue isto com dados, para ter conhecimento e previsibilidade. Dados para monitorizar e saber onde estão os navios, para conhecer a dinâmica da atmosfera com a massa de água. E também as dinâmicas terrestres, como a evolução das florestas depois dos fogos, a monitorização dos fogos em tempo quase real, enfim, são fatores que diferenciam uma agenda digital que queremos concretizar, mas para isso são necessários sensores numa constelação de satélites. Se estendermos este projeto a países que partilham os mesmos problemas, as mesmas necessidades e o Atlântico, podemos ser inovadores e o Espaço pode funcionar como diplomacia e como recurso económico.
De que países estamos a falar?
Da Espanha, Noruega, Reino Unido, México, Brasil e vários países africanos. A Agência Espacial Portuguesa é uma promotora, que quer alavancar algumas áreas de atividade com a Estratégia Nacional para o Espaço, que pretende dotar Portugal com os recursos e as ambições para em oito a dez anos de tornar uma nação espacial. Mas isto só se consegue no contexto global. Quando olhamos para a constelação de 16 satélites que queremos lançar – quatro de responsabilidade nacional e 12 de responsabilidade cooperativa – estamos a falar numa dinâmica e num modelo de cooperação que deve ser transportado para o próprio modelo que está pensado para o desenvolvimento dos Açores, no porto espacial e noutras vertentes.
E quais são as outras duas apostas?
O programa Planeta Digital, isto é, a construção e operação de uma plataforma digital capaz de integrar múltiplas fontes de dados, incluindo do Espaço, e extrair informação com base em tecnologias avançadas como a inteligência artificial, para a colocar ao serviço de entidades públicas e privadas em todo o país. A constelação de satélites vai estar precisamente ao serviço deste programa. E a última aposta é o ecossistema 5G, a próxima geração de comunicações móveis, para o desenvolvimento do Atlântico e das regiões interiores de Portugal.
Portugal está a presidir à ESA com a França e no primeiro semestre de 2021 vai presidir à UE. Além disso lidera a Agência Europeia de Navegação por Satélite. Esta coincidência é uma oportunidade única para o país ganhar visibilidade internacional no Espaço?
Algumas coisas são coincidência, mas outras não. Portugal ser copresidente da ESA foi uma articulação e o momento para o país se afirmar. E o que é facto é que se tem afirmado, porque Portugal é pequeno em dimensão e em orçamento, mas é grande em ambição. Pequenos Estados-membros como Portugal são os fazedores de pontes, que conseguem estar nas negociações e chegar a consensos, principalmente onde há sempre disputas com os grandes Estados. Na próxima semana há uma cimeira europeia do Space Council, entre a Comissão Europeia e a ESA, e foi preciso produzir um acordo, uma resolução, que foi conseguida através da Agência Espacial Portuguesa. E o papel de Portugal foi absolutamente definitivo na forma como foram conduzidas as negociações, porque havia grandes diferenças entre a Alemanha e a França, por exemplo. E a nossa capacidade de diálogo, de decisões rápidas — onde os países pequenos têm esta articulação na comunicação, que é importante aproveitar – torna Portugal um ator diferenciador.
Isto significa que Portugal pode influenciar as decisões políticas da ESA?
Sim. Na Europa temos três grandes instituições no setor espacial que representam mais de 90% das atividades do Espaço: a ESA com os seus 22 Estados-membros, a Comissão Europeia, que tem as suas próprias agências, como a EMSA – Agência Europeia de Segurança Marítima (com sede em Lisboa) e a GSA – Agência Europeia de Navegação por Satélite, cujo diretor executivo é português e que vai a partir de 2021 transformar-se numa agência para o Espaço. O maior problema neste momento é a negociação entre a ESA e a Comissão Europeia sobre os grandes programas espaciais europeus como o Galileo, o sistema de navegação por satélite (GPS), que vai ter um impulso muito forte a partir de 2021, com o lançamento de uma nova geração de satélites. A Europa tem de ter tecnologia própria e o Galileo é um exemplo disso. É um programa executado pela ESA, mas é preciso um orçamento para o concretizar, o que tem de ser discutido com a Comissão Europeia. E mais uma vez Portugal pretende fazer a diferença na negociação entre a ESA e a Comissão.
E há outros programas em causa?
O Copernicus e o lançamento dos famosos satélites Sentinel – no dia 21 de novembro vai ser lançado mais um – que faz da Europa a grande potência mundial em termos de capacidades de observação da Terra e de política de distribuição de dados para desenvolver aplicações. O Copernicus é quase uma ferramenta de soberania a nível da monitorização do planeta. E também o GOVSATCOM, programa de comunicações governamentais por satélite da UE, ou o SSA – Space Situational Awarness, ligado a tudo o que é lixo espacial e segurança no Espaço. Estes programas têm um envelope financeiro muito grande e a Comissão Europeia e a ESA estão neste momento num processo de negociação, que se chama FFPA, um programa financeiro até 2027. Enão sabemos se este processo termina na presidência alemã da UE ou se transita para a presidência portuguesa no primeiro semestre de 2021. Se transitar, Portugal poderá ter um papel importante a fechar as negociações.
Portanto, o primeiro semestre de 2021 vai ser decisivo.
Tenho a certeza de que vai ser para Portugal e, em particular, para o setor do Espaço, extremamente importante. Até porque a nível nacional vamos lançar a agenda industrial para o Espaço com a constelação de satélites, o Planeta Digital, o ecossistema de Santa Maria e o novo sistema de comunicações móveis 5G. Tudo isto se deve muito à criação da Agência Espacial Portuguesa e ao papel desempenhado pela sua primeira presidente, a cientista italiana Chiara Manfletti, ao internacionalizar a área do Espaço, sendo hoje Portugal reconhecido como um ator muito diplomático e com ambições. Ainda ontem estive numa conferência online da Global Spaceport Alliance, uma associação mundial de todos os portos espaciais, e toda a gente estava muito curiosa em saber o que vamos desenvolver em Portugal, em particular em Santa Maria.
O Plano de Recuperação Económica e Resiliência português vai trazer mais financiamento para o setor espacial?
Quando lemos o programa encontramos muitas referências ao Espaço, devido à nossa contribuição e também da área da Defesa e da Região Autónoma dos Açores para o documento, e a criação de uma agenda digital neste programa, que é um chapéu para vários eixos programáticos serem desenvolvidos, inclui o setor espacial. Por isso é que vamos propor a tal agenda industrial para o Espaço. Claro que vamos competir em termos de financiamento com outros setores, como a energia, a mobilidade ou a produção primária. Mas o conhecimento é um recurso estratégico nacional e temos de o colocar nestas linhas de recuperação económica, que acabam por estar todas relacionadas de algum modo com o Espaço.
Ainda é cedo para sabermos se vai haver mais dinheiro, devido às negociações nacionais e internacionais em curso?
Bom, o dinheiro para o setor tem várias dimensões. Há um compromisso com a ESA que assumimos em 2019 e vai até 2022, um envelope financeiro a três anos em que Portugal coloca cerca de 120 milhões de euros na Agência Espacial Europeia e as empresas portuguesas competem nos programas da ESA para terem a sua quota de mercado, isto é, há um retorno desse investimento para capacitar a nossa indústria.
E Portugal vai aumentar a sua contribuição financeira para a ESA?
Muito dificilmente, devido à crise atual.
Então como se faz crescer o setor do Espaço?
Temos de olhar para o programa espacial da Comissão Europeia. E aí vai haver muito dinheiro, vai haver um grande orçamento, porque é a interpretação da Europa de que o Espaço é uma oportunidade económica. Assim, há envelopes financeiros destinados a Portugal no âmbito do novo programa Horizonte Europa de apoio à investigação e inovação, que vai substituir o H2020. Aqui temos a possibilidade de crescer e fazer um investimento no Espaço até 2030 de 2,5 mil milhões de euros, o que significa que Portugal pode ter por ano 250 milhões de euros alocados ao Espaço. É muito, porque hoje a nossa contribuição anual para a ESA ronda os 30 milhões.
Ou seja, Portugal tem de fazer um esforço enorme nesta área.
Obviamente, e os primeiros passos nesse sentido já começaram a ser dados. Esta articulação de fundos tem de ser refletida na ambição das empresas portuguesas em proporem projetos dentro dos programas da UE, ou a própria Agência Espacial Portuguesa construir uma agenda programática para o Espaço, que é o que estamos a fazer, que vai permitir que as empresas olhem para ela como uma oportunidade numa ótica de parceria público-privada, que junta os fundos públicos da ESA e do Horizonte Europa — que tiram risco às empresas — com o investimento privado. É esta a forma de em Portugal nos capacitarmos para o Espaço nos próximos anos.
Que balanço faz dos 20 anos da adesão de Portugal à ESA, que se comemoram a 14 de novembro?
A nossa contribuição financeira para a ESA e para outros projetos foi sempre crescendo desde 2000. E começaram a fazer-se muitos projetos e a nascer muitas empresas ligadas ao Espaço. Foi aí que Portugal deu o grande salto. Ou seja, quando os governos apostam numa estratégia, as empresas alinham-se nessa estratégia, executam-na e transformam socialmente os setores de atividade. Vinte anos depois, Portugal tem empresas absolutamente fantásticas que trabalham na área do Espaço, em parceria e colaboração internacional. E os quadros destas empresas, formados nas nossas universidades, são muito atrativos no mercado internacional, o que é uma pena. Por isso é que temos uma agenda para o Espaço para retermos os nossos recursos humanos qualificados, o tal recurso estratégico nacional que é o conhecimento e as pessoas. Mas 20 anos depois, Portugal tem de fazer diferente, já não precisa de transferência de tecnologia espacial, porque isso foi feito, as empresas nacionais estão capacitadas. Agora é Portugal colocar-se como um país que tem programas para o Espaço. Por isso é que desafiamos toda a nossa indústria, todas as nossas instituições, para se envolverem nos quatro grandes programas do porto espacial de Santa Maria, da constelação de satélites, do Planeta Digital e das comunicações 5G. E por isso é que foi criada a Agência Espacial Portuguesa e a Estratégia Nacional para o Espaço com estes quatro grandes desafios, que são transformadores.
Transformadores de que maneira?
Daqui a quatro anos Portugal tem de estar a operar uma constelação de satélites. Tem de ter centros de dados em que consiga dar respostas ao cadastro agrícola, ao plano nacional de combate aos incêndios, à mobilidade no oceano Atlântico, ao conhecimento científico que advém da recolha desses dados e da sua colocação para desenvolver as aplicações que se impõem.
Que tipo de aplicações?
Por exemplo, hoje damos por adquiridos os dados de posicionamento (GPS, Galileo, etc.) no nosso telemóvel, porque são dados livres, o que permitiu, juntamente com o sistema de comunicações 4G, a transferência massiva e rápida de dados e o desenvolvimento de inúmeras aplicações conjuntamente com as comunicações. Então porque não podemos fazer o mesmo para os dados de observação da Terra? É a isso que chamamos Data Policy (Política de Dados). Se o fizermos poderemos saber nos nossos telemóveis e noutros suportes como é que está o nosso planeta hoje, porque terão sido desenvolvidas aplicações que retiraram barreiras tecnológicas e de preço, de disponibilidade, de acessibilidade. Se quisermos fazer a monitorização dos fogos em Portugal em tempo real não conseguimos, porque há uma barreira tecnológica e de preço. Todas as aplicações de navegação que hoje conhecemos e damos por adquiridas são baseadas em dados livres. Por isso é que o sistema Galileo apareceu como harmonização tecnológica na Europa para permitir isto. Esta é a nossa ambição no programa nacional do Planeta Digital, providenciar os dados para desenvolver novas aplicações. E ao fazermos isto estamos a alavancar novas empresas e start-ups, a democratizar o acesso ao Espaço e a criar as condições para se discutir a Política de Dados, se os dados devem ou não ser abertos, uma coisa que na Europa só parcialmente está a ser discutida, porque há lóbis das empresas que querem vender esses dados e há questões de segurança, embora estas possam ser ultrapassadas.
Portugal entrou na ESA há 20 anos e tem estado sempre a crescer
A Estratégia Nacional para o Espaço pretende multiplicar por dez o investimento no setor até 2030
VIRGÍLIO AZEVEDO
Faz neste sábado precisamente 20 anos que Portugal aderiu à Agência Espacial Europeia (ESA) e desde então o investimento público e privado no Espaço tem vindo sempre a crescer, não só através dos programas da ESA mas também do Observatório Europeu do Sul (ESO), organização a que o país pertence e que tem um vasto complexo de telescópios no Deserto de Atacama, no Chile.
Portugal tem beneficiado igualmente dos programas da Comissão Europeia de apoio à investigação e inovação, como o Horizonte 2020, e de outros programas, participando ainda no projeto internacional do gigantesco radiotelescópio SKA, que vai ter uma rede de milhares de antenas na África do Sul e na Austrália.
Desde 2016 o investimento público anual passou de 25 milhões de euros para 52 milhões estimados para 2021. Ao mesmo tempo, as fontes de financiamento diversificaram-se consideravelmente, atraindo fundos centralizados, como os provenientes do Horizonte 2020, e descentralizados, como o FEDER e outros fundos estruturais da UE, a somar aos apoios da ESA.
Neste momento está em curso a atualização do Catálogo Português do Espaço, que deverá ficar concluída em janeiro de 2021. Mas para já sabemos que há mais de 80 empresas por todo o país a desenvolver atividades no setor, apoiadas por dezenas de centros de investigação.
Mil novos empregos qualificados
A Estratégia de Portugal para o Espaço pretende criar 1000 empregos qualificados e multiplicar pelo menos por dez o investimento no setor até 2030, de modo a que nesse ano a indústria espacial fature 500 milhões de euros. No total a ambição é mobilizar um investimento nacional e europeu, púbico e privado, da ordem dos 2,5 mil milhões de euros nos próximos dez anos.
Portugal participa hoje numa grande diversidade de projetos europeus e internacionais. Na investigação científica destacam-se as missões PLATO (descoberta e observação de planetas extrassolares), ARIEL (estudo das atmosferas desses planetas), Comet Interceptor e EUCLID (estudo da matéria e energia escuras), ligadas ao Programa Científico da ESA. A missão ARIEL acaba, aliás, de ser formalmente aprovada pela ESA. Esta missão conta com um forte envolvimento português, nomeadamente de investigadores do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e da Universidade do Porto, estando o seu lançamento previsto para 2029.
Na área da instrumentação científica, os projetos ELT (Extreme Large Telescope) e VLT (Very Large Telescope), do Observatório Europeu do Sul, são os mais destacados, tal como o EST (European Solar Telescope). Há também um envolvimento português muito forte nos programas Hera e ClearSpace One da ESA, que vão permitir grandes saltos a nível tecnológico e científico. O Hera vai estudar o impacto de um asteroide na superfície da Lua. A nave ClearSpace One, onde participam quatro empresas portuguesas que conseguiram contratos de 10 milhões de euros, vai remover pela primeira vez lixo espacial.
PORTUGAL ENTROU NA ESA HÁ 20 ANOS E TEM ESTADO SEMPRE A CRESCER
Faz neste sábado precisamente 20 anos que Portugal aderiu à Agência Espacial Europeia (ESA) e desde então o investimento público e privado no Espaço tem vindo sempre a crescer, não só através dos programas da ESA mas também do Observatório Europeu do Sul (ESO), organização a que o país pertence e que tem um vasto complexo de telescópios no Deserto de Atacama, no Chile.
Portugal tem beneficiado igualmente dos programas da Comissão Europeia de apoio à investigação e inovação, como o Horizonte 2020, e de outros programas, participando ainda no projeto internacional do gigantesco radiotelescópio SKA, que vai ter uma rede de milhares de antenas na África do Sul e na Austrália.
Desde 2016 o investimento público anual passou de 25 milhões de euros para 52 milhões estimados para 2021. Ao mesmo tempo, as fontes de financiamento diversificaram-se consideravelmente, atraindo fundos centralizados, como os provenientes do Horizonte 2020, e descentralizados, como o FEDER e outros fundos estruturais da UE, a somar aos apoios da ESA.
Neste momento está em curso a atualização do Catálogo Português do Espaço, que deverá ficar concluída em janeiro de 2021. Mas para já sabemos que há mais de 80 empresas por todo o país a desenvolver atividades no setor, apoiadas por dezenas de centros de investigação.
Mil novos empregos qualificados
A Estratégia de Portugal para o Espaço pretende criar 1000 empregos qualificados e multiplicar pelo menos por dez o investimento no setor até 2030, de modo a que nesse ano a indústria espacial fature 500 milhões de euros. No total a ambição é mobilizar um investimento nacional e europeu, púbico e privado, da ordem dos 2,5 mil milhões de euros nos próximos dez anos.
Portugal participa hoje numa grande diversidade de projetos europeus e internacionais. Na investigação científica destacam-se as missões PLATO (descoberta e observação de planetas extrassolares), ARIEL (estudo das atmosferas desses planetas), Comet Interceptor e EUCLID (estudo da matéria e energia escuras), ligadas ao Programa Científico da ESA. A missão ARIEL acaba, aliás, de ser formalmente aprovada pela ESA. Esta missão conta com um forte envolvimento português, nomeadamente de investigadores do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e da Universidade do Porto, estando o seu lançamento previsto para 2029.
Na área da instrumentação científica, os projetos ELT (Extreme Large Telescope) e VLT (Very Large Telescope), do Observatório Europeu do Sul, são os mais destacados, tal como o EST (European Solar Telescope). Há também um envolvimento português muito forte nos programas Hera e ClearSpace One da ESA, que vão permitir grandes saltos a nível tecnológico e científico. O Hera vai estudar o impacto de um asteroide na superfície da Lua. A nave ClearSpace One, onde participam quatro empresas portuguesas que conseguiram contratos de 10 milhões de euros, vai remover pela primeira vez lixo espacial.
Source: expresso.pt
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