Especificando o caso português, acentua que "apenas 15% das pessoas com problemas de saúde mental são acompanhadas, sendo o tempo médio de acesso a cuidados especializados de quatro anos". Referindo-se em concreto à esquizofrenia – área a que a empresa dedica grande atenção desde a sua fundação – lembra que "o último estudo disponível aponta para a existência de 48 mil doentes no país, estimando que cerca de 7 mil destes doentes não sejam acompanhados, nem no Serviço Nacional de Saúde [SNS] nem no contexto privado", ou seja, "estas famílias, muitas vezes desestruturadas pelo impacto da doença, expostas na grande maioria dos casos a maiores dificuldades económico-financeiras, não têm normalmente voz nem merecem a devida atenção", lastima.
Projetos para aumentar e melhorar a informação disponível
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São vários os projetos que a Janssen Portugal tem vindo a desenvolver com o objetivo de ajudar a erradicar o estigma e aumentar a informação disponível sobre o assunto. O Prémio de Jornalismo nesta área é um exemplo disso mesmo, estabelecido em parceria com a SPPSM para destacar boas práticas neste âmbito, já que a companhia acredita que "os média têm essa capacidade de contribuir significativamente e de forma positiva para uma área que precisa tanto de um outro olhar", refere Filipa Mota e Costa.
Além da promoção e apoio a estudos que melhor ajudem a caracterizar a realidade em Portugal, a empresa é a promotora ainda do Health Parliament Portugal, iniciativa destinada a promover o debate entre especialistas de diversas áreas com vista à apresentação de recomendações para melhorar a saúde em Portugal. Outro projeto a decorrer e que em breve será lançado, é o Guia dos Direitos da Pessoa com Saúde Mental, que irá congregar os principais apoios, direitos e legislação com interesse para os doentes e cuidadores de pessoas com doença mental. Um guia especialmente útil para uma população especialmente frágil. A diretora-geral acredita que este "é um projeto de grande valor para todos", razão por que a companhia tentará que o mesmo seja disponibilizado.
Falta investimento na saúde mental em Portugal
Mas o que é que impede Portugal de assegurar uma resposta adequada em termos de cuidados na área da saúde mental? Tanto Maria João Heitor como Filipa Mota e Costa coincidem na mesma conclusão: falta investimento. A presidente da SPPSM admite que "progressivamente tem havido uma evolução positiva", até porque "o Programa Nacional para a Saúde Mental [PNSM] é, desde finais de 2011, um dos programas prioritários a desenvolver pela Direção-Geral da Saúde [DGS]". Contudo, entende que "a área da saúde mental ainda é um parente pobre", salientando que "embora a percentagem do PIB para a saúde alocada à saúde mental tenha vindo gradualmente a aumentar, ainda está longe de ser suficiente".
De igual forma, a responsável da Janssen afirma que "os constrangimentos e desafios que a área da saúde mental enfrenta em Portugal estão há muito identificados", resultando estes, sobretudo, "de uma não priorização sistemática e de um subfinanciamento crónico". "Nunca houve um compromisso político sério de investimento neste setor, com o objetivo de dotar o SNS de recursos que permitam melhorar a qualidade de vida destes doentes e seus familiares", diz, acrescentando que "falta um compromisso transversal e uma adequação dos modelos de financiamento e gestão, bem como uma melhor articulação entre os diversos níveis de cuidados de saúde, nomeadamente os cuidados de saúde primários com os hospitalares".
Maria João Heitor corrobora, lembrando também que "é necessária uma maior autonomia e capacidade de decisão articulada ao nível do PNSM junto da DGS, das coordenações de saúde mental nas administrações regionais de saúde e localmente". Por outro lado, e em relação às respostas para as pessoas com doença mental grave, defende que "a não implementação efetiva da Rede Nacional de Cuidados Continuados e Integrados de Saúde Mental é um dos maiores constrangimentos".
Para Filipa Mota e Costa, "a baixa autonomia dos centros de decisão locais e a incapacidade geral de implementação do PNSM compromete a melhoria dos cuidados na comunidade há demasiados anos", sublinhando que "todas estas questões resultam de a saúde mental não ser olhada como uma prioridade e com a atenção devida, o que é de lamentar pois qualquer dedicação ou investimento nesta área tem um retorno expressivo, quer económico, quer social, como vários estudos indicam".
No mesmo sentido, Maria João Heitor reforça que "as despesas em saúde e saúde mental têm de ser encaradas como um investimento com retornos garantidos de mais produtividade, riqueza e qualidade de vida, e não como um custo". Na sua opinião, este investimento deve ir além dos tratamentos, incidindo também na "prevenção, reabilitação psicossocial e reintegração laboral e escolar daquelas pessoas que, mercê dos problemas de saúde mental, tenham ficado temporariamente desinseridas".
Source: observador.pt
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